Ford aposta no grafeno para transformar o futuro dos carros

Empenhada em entender mais sobre o grafeno e aplicá-lo em seus produtos, a Ford criou, no ano passado, um time dedicado à pesquisa do grafeno no Brasil. Baseados no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia do Brasil, com sede em Camaçari (BA), os pesquisadores trabalham em parceria com a UCSGRAPHENE, o primeiro hub de inovação voltado à produção de grafeno em escala da América Latina, inaugurado em 2021 e vinculado à Universidade de Caxias do Sul (RS).


No primeiro trimestre de 2023, a Ford registrou globalmente lucro de US$ 3,4 bilhões, acima da expectativa de analistas, de US$ 2,4 bilhões. As expectativas para o ano inteiro, porém, são moderadas, diante de perdas contínuas da sua unidade de veículos elétricos. A montadora reafirmou uma projeção de lucros para o ano inteiro entre US$ 9 bilhões a US$ 11 bilhões, o que já inclui um prejuízo esperado de US$ 3 bilhões na unidade de veículos elétricos Model.

Em maio de 2022, a empresa anunciou a expansão do Centro de Desenvolvimento e Tecnologia em Camaçari - um dos nove centros da montadora no mundo, com a contratação de 500 profissionais. Dois meses depois, a iniciativa foi consolidada, incluindo a criação da equipe de pesquisa focada em grafeno - que já trabalha em mais de 10 projetos sobre a aplicação do material no setor de mobilidade. 


Dos 1.500 profissionais que atuam no Centro de Desenvolvimento e Tecnologia brasileiro, 20 estão focados nos estudos com o grafeno por meio da nanotecnologia - área científica que estuda o controle e a manipulação de materiais em escala nanométrica, trabalhando diretamente com átomos e moléculas.

Um exemplo é o que acontece com o aço. "Se colocarmos 4 ou 5 gramas de grafeno, que é um pó, em uma tonelada de aço, as características das moléculas do aço serão alteradas, ficando mais rígidas", explica o especialista. "Essa alteração permite criar peças resistentes e com espessuras menores. Ou seja, as peças conseguem ter a mesma resistência e menos peso.

A Ford já tem aplicado o grafeno em mais de 5 milhões de veículos no mundo, incluindo os modelos Mustang Mach-E, F-150 e Mach 1. A aplicação tem sido feita na produção de pequenas peças que fazem parte da estrutura dos automóveis, como suportes, cobertura do motor, isolador acústico do sistema de injeção e coberturas de bombas de combustível, para aumento da resistência térmica e redução de ruídos.

O grande objetivo da montadora, no entanto, é conseguir utilizar esse material para revolucionar o desempenho de baterias EVs. "As baterias hoje representam até 40% do peso total do carro. Se o grafeno conseguir trazer essa leveza para a bateria, o impacto será gigantesco no futuro dos carros elétricos, podendo diminuir até 20% do peso atual", analisa Machado.




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