Grafeno: Uma nova esperança para tratar doenças coronárias

 O GO-Graft é um vaso sintético inovador constituído por um hidrogel reforçado com óxido de grafeno para o bypass coronário, prevenindo trombose e evitando infeções bacterianas.

A equipe do Go-Graft, liderada por Andreia Pereira e Inês Gonçalves, também conta com os doutorandos Duarte Moura e Helena Ferreira, os consultores  da Medical University of Vienna (Aústria), Helga Bergmeister, especialista na execução de estudos de performance in vivo de enxertos vasculares, Bruno Podesser, cirurgião cardíaco, e Fernão Magalhães, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.


O projeto foca nas doenças cardiovasculares que são a primeira causa de morte no mundo. Por ano, cerca de 18 milhões de pessoas perdem a vida devido a essas patologias, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Da família dessas doenças faz parte a doença arterial coronária (DAC), que pode levar a ataque cardíaco, afetando, por ano, cerca de 335 milhões de pessoas mundialmente e dez mil em Portugal. O que acontece quando alguém padece desta doença é que os vasos sanguíneos que fornecem o coração são danificados, ou obstruídos, devido a placas de colesterol nas artérias.

Hoje existe medicação, que é a primeira linha de tratamento dessas doenças. Também é possível desobstruir o vaso com redes circulares são colocadas dentro da artéria para abri-la e evitar novo entupimento, os chamados stents.

Em situações mais severas de DAC, 1% dos casos, recorre-se à cirurgia do bypass coronário. “Retiram-se vasos sanguíneos do próprio paciente, os chamados enxertos autólogos, para fazer este bypass, restabelecendo o fluxo sanguíneo no coração.” Depois, a partir dali, “volta a haver oxigénio e nutrientes no coração”. Contudo, esses vasos muitas vezes “não estão disponíveis porque esta doença é sistémica, ora afetando outros vasos, ou porque esses vasos foram retirados previamente para outra intervenção vascular”, evidencia.


Além disso, a recolha dos enxertos autólogos está associada a complicações pós operatórias como a ocorrência de possíveis infeções. É aqui que a equipa que está a desenvolver o GO-Graft quer atuar, propondo uma nova solução para o problema com um vaso sintético a partir de grafeno.

A cientista nota que o mercado dos dispositivos médicos tem já enxertos sintéticos para vasos de médio e grande calibre, ou seja, acima de seis milímetros. O problema são os vasos de pequeno calibre como as artérias coronárias, onde os enxertos sintéticos falham devido à ocorrência de trombose.

Trata-se de um enxerto vascular sintético anti-adesivo de pequeno diâmetro para a cirurgia de revascularização do miocárdio. “Desenvolvemos um hidrogel reforçado com óxido de grafeno que tem propriedades extraordinárias quando em contato com o sangue, não levando à formação de trombos [coágulos] e previne a própria adesão bacteriana”.

A grande novidade desta proposta, detalha a bioquímica, “é modelar as propriedades mecânicas de um hidrogel descrito na literatura com excelentes propriedades biológicas”, para aplicar em dispositivos de contato com sangue, através da incorporação de um nanomaterial reconhecido com prémio Nobel: o grafeno, permitindo a sua utilização para o desenvolvimento desses enxertos de pequeno calibre.




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