Tinta retardante de chamas, à base de grafite e grafeno, impede propagação de fogo

Químicos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) desenvolveram um novo material resistente ao chamas. O novo material está sendo usado para fazer tinturas que evitam que chamas se espalhem em superfícies e estruturas de madeira, entre outras coisas. Com nome de ERG (sigla em inglês para grafite esfoliado e reorganizado), e o material faz parte de uma plataforma de produtos nanotecnológicos à base de celulose e grafite.

O grafite é um mineral ultrafino formado por lâminas de grafeno coladas, como uma folha de papel ou uma pilha de cartões. As lâminas grafeno possuem propriedades mecânicas, elétricas e térmicas perceptíveis, mas são extremamente finas - bastam algumas lâminas para fazer com que o material perca várias de suas propriedades únicas.

Quando um pedaço de madeira é exposto aos elementos, a área afetada é aquecida a ponto de produzir fumaça. No entanto, a condutividade do ERG permite que o calor se espalhe por toda a superfície, protegendo a madeira dos chamas. Nanopartículas aditivas feitas de alumínio auxiliam na dissipação do calor.

De acordo com testes independentes realizados pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o corante contendo ERG atinge o mais alto nível na classificação estabelecida pelas normas técnicas para avaliação da eficácia das chamas. “A diferença entre um laudo e um resultado de laboratório é que um laudo tem valor legal porque foi emitido por uma instituição reconhecida que seguiu diretrizes rígidas. Como resultado, podemos afirmar com confiança que temos uma tonalidade retardante de chamas", explica Galembeck.

Por essas características, além do fato de ser feito à base de água, o que facilita a aplicação e torna a tonalidade mais ecologicamente correta, o produto despertou o interesse dos derivados da indústria madeireira. Em 2021, exportações brasileiras de entregas da madeira, excluindo papel e celulose, atingiu US$ 381 milhões, um aumento de 27 % em relação ao ano anterior.