Indústria brasileira busca caminhos para se reinventar

Há uma sombra pairando sobre o futuro da indústria brasileira, um dos tradicionais dínamos da economia nacional. Responsável por quase 40% do valor total do Produto Interno Bruto (PIB) no início dos anos 1990, o setor industrial responde hoje por apenas 10%. 

O cenário negativo da indústria, de forma geral, é global e está ligados às revoluções trazidas pelas novas tecnologias. A internet e os celulares trouxeram uma nova era da informação e alteraram profundamente a forma de se fazer negócios no mundo, deslocando empresas como Google, Apple e Amazon para o topo da lista dos negócios mais poderosos do mundo, que antes era ocupado por fabricantes de automóveis, de aviões e petroleiras, entre outros grupos tradicionais.

Esse processo deve se acelerar. Um levantamento do centro de estudos BCG Henderson Institute, por exemplo, diz que a nova onda tecnológica - que inclui a combinação de sensores, Internet das Coisas e Inteligência Artificial (IA) – vai transformar todas as empresas em negócios cuja matéria-prima é a informação. Os próprios palcos da competição devem mudar, exigindo novas capacidades.

A diferença é a forma como a empresas de diferentes locais lutam para se adaptar a essa nova e fluida realidade. No exterior já se tomam medidas para conduzir a transformação para a chamada Indústria 4.0, adaptada a esse modelo, com fábricas 100% robotizadas que produzem usando algoritmos que combinam IA e big data.



Novos modelos

Embora as movimentações no mercado brasileiro estejam em um estágio menos avançado, pelo menos alguns caminhos estão se abrindo. “Uma das tendências é a cooperação entre a indústria e a academia”, exemplifica Guedes, da FIA. É uma parceria já tradicional, mas cuja escala vem crescendo muito nos últimos anos, seguindo o exemplo de empresas como Embraer e 3M. 


No começo da década passada, o modelo em voga era a chamada inovação fechada: aquela que os processos criativos e de pesquisa de uma empresa são realizados da porta para dentro. O problema é que nem toda indústria possuía os investimentos milionários necessários para criar esses departamentos ou centros de pesquisa.

Nos últimos anos, no entanto, a indústria brasileira começou a aderir a um novo método, a inovação aberta, aquela onde o conhecimento deixa as salas da própria empresa para ser compartilhada com outros parceiros externos, de forma a combinar esforços no desenvolvimento, envolvendo às vezes até mesmo concorrentes. É algo revolucionário para um setor onde as inovações costumavam ser tratadas como segredos de Estado, que deveriam ser escondidos a sete chaves.

Além disso, ao invés de centros de P&D, têm se multiplicado os hubs e as incubadoras, como forma de acelerar novas companhias que atuam em áreas de interesse da empresa patrocinadora – e que podem ser compradas, por um preço relativamente baixo, caso obtenham sucesso no desenvolvimento. 


E ainda existe a questão dos incentivos. Inovar é, basicamente, pensar no futuro. Mas como priorizar o futuro se os bônus no pagamento dos executivos, por exemplo, estão atrelados aos resultados do mês e não aos futuros? Se modernizar tem custo, sim. Ficar estagnado, no entanto, é algo que normalmente acaba saindo muito mais caro.




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